Ser o síndico do condomínio é uma função para poucos. Com tanta importância e responsabilidade, somente quem estiver realmente preparado consegue dar conta de todas as tarefas envolvidas. Mais do que experiência, quem assume tal missão precisa ter comprometimento, organização e habilidade para lidar com pessoas e conflitos. Além disso, tem de conhecer muito bem a legislação e suas responsabilidades legais no âmbito cível e criminal.
O perfil dos síndicos mudou. Os candidatos à vaga voluntários, ou seja, moradores do condomínio, estão cada vez mais raros. Aquele condômino aposentado, com tempo livre para se dedicar à tarefa, também tem perdido espaço para jovens profissionais que têm encarado o desafio de gerenciar os empreendimentos. Para suprir a demanda, também surgiu nesse período um novo personagem nos condomínios, o síndico profissional.
Síndico profissional desde de 2016, Carlos Lopes, conversou um pouco com a gente para relatar o ônus e bônus da profissão e seu dia a dia.
Experiência em gestão
Para Lopes, o síndico acaba sendo um “multiprofissional”, ele é o responsável por garantir o total cumprimento da legislação correspondente, cuidar da manutenção do condomínio e zelar pelo bem-estar, segurança e interesses dos condôminos. “Para isso é necessário um vasto conhecimento sobre tudo que envolve o bom funcionamento dos condomínios, além de ser necessário experiência em gestão.”
Lopes explica que quando falamos sobre experiência em gestão, o termo não se resume apenas a gestão de condomínios, mas sim, a definição do tema no âmbito geral. “Um condomínio funciona basicamente como uma empresa, tem suas obrigações legais, operacionais, trabalhistas, por isso, é arriscado para um condomínio escolher alguém para o cargo que não tenha conhecimento em administrar empreendimentos,” explica.
Segundo o profissional, o bônus de ter experiência em gestão, é poder colocar a sua formação e experiência à disposição dos condomínios, tornando a administração mais assertiva e benéfica aos seus clientes. E a desvantagem é que, normalmente, os síndicos com experiências administrativas apenas são procurados quando o condomínio já se encontra em uma situação crítica.
Bom senso para lidar com pessoas
O síndico trabalha em prol da coletividade. É necessário ter jogo de cintura e experiência em relações interpessoais, pois em um condomínio são diversos tipos de pessoas diferentes, o que faz com que conflitos existam frequentemente. Para Lopes, além disso, é necessário ter empatia para se colocar no lugar do outro. “Isso, não significa ser permissivo, o síndico deve seguir as regras da convenção, mas é preciso bom senso, para saber quando é possível haver exceções” completa.
Para Lopes, a vantagem neste caso é conhecer pessoas com diferentes culturas, crenças, estilos de vida, o que permite adquirir habilidades fundamentais de liderança e gerenciamento de pessoas. Em contrapartida, é necessário um pouco de paciência para lidar com as pessoas que querem ludibriar as regras, e dar o famoso “jeitinho”. “Às vezes nos deparamos com pessoas que não entendem a legislação ou até mesmo as normas do condomínio, mas que sempre querer dar uma opinião sobre como as coisas deveriam ser feitas, nesses casos, é preciso cautela na hora de agir e responder,” explica.
Lopes ainda fala sobre os conflitos entre condôminos. “A maioria dos conflitos entre unidades são de cunho pessoal, e o síndico só pode intervir caso o problema esteja afetando a coletividade, é preciso senso crítico nesses momentos para gerir os conflitos de maneira justa e benéfica a todos,” diz.
Administradoras e tecnologia
Para Lopes, as administradoras são fundamentais na vida do condomínio, pois dão suporte ao síndico e aos conselheiros na parte jurídica e burocrática do empreendimento. “As responsabilidades e funções do síndico são muitas, ela nos auxilia e orienta no exercício das atividades administrativas e cotidianas, facilitando nosso dia a dia e contribuindo para o bom funcionamento do condomínio”, relata.
Outra aliada na gestão dos condomínios, na opinião de Lopes, é a tecnologia. “Cada vez mais hoje em dia, vemos tecnologias sendo criadas especificamente para condomínios, como é o caso do aplicativo da Robotton. Ele simplifica muito processos que antes eram manuais, e algumas vezes burocráticos, que demandavam muito tempo. Além disso, facilita a gestão financeira, administrativa, de segurança e comunicação no condomínio”.
Profissão desvalorizada
Lopes conta sobre a desvalorização do profissional que se dedica diariamente ao bem-estar e segurança de todos, e bom funcionamento do condomínio. “Todos os dias trabalhamos em prol dos condôminos e do condomínio, pensando no bem-estar e valorização de seus patrimônios, afinal, um condomínio bem gerido é um condomínio valorizado. Mas, infelizmente ninguém vê isso no dia a dia, ninguém lembra que há alguém por traz cuidando de toda a organização. As pessoas só lembram do síndico quando há algum problema.”