Cotidiano

Conflito de geração no condomínio, como equalizar?

Conflito de geração no condomínio, como equalizar?

Publicado em 28 de Junho de 2018
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Em um condomínio residencial se encontram, naturalmente, moradores de diferentes personalidades, costumes, origens etc. Uma das mais frequentes e agudas diferenças, no entanto, diz respeito à idade, que geralmente leva a um conflito de geração.

Esse fenômeno consiste em um dos problemas de convivência causados pelas diferentes perspectivas de vida entre as pessoas que nasceram em décadas distintas e se trata de um dos principais fatores para o surgimento de confrontos entre os condôminos.

No entanto, existem técnicas e estratégias específicas para dissolver esses entraves e manter a boa relação na comunidade. Nesta publicação, reunimos algumas delas, além de explicarmos as classificações das gerações atuais e suas diferenças comportamentais que geram conflitos. Confira!

As classificações das diferentes gerações

Antigamente, as gerações eram definidas a cada 25 anos. Atualmente, porém, a distinção não ocorre somente pelo ano, mas pelas inovações e ideologias marcantes de suas infâncias.

Afinal, considerando os fatores que moldam o perfil de uma geração e, consequentemente, se refletem nos seus comportamentos, não é surpresa que haja conflitos de convivência em virtude da diferença de idade.

A seguir, confira uma breve descrição das principais gerações:

Baby Boomers

Também conhecidos como a geração da TV (pela popularização da tecnologia), nasceram entre 1950 e 1960 e foram influenciados pelos eventos após a Segunda Guerra Mundial.

A geração Baby Boomers, expressão que significa “explosão de bebês”, levou esse nome em razão da grande quantidade de soldados que conceberam bebês com suas esposas quando voltaram da Segunda Guerra. Atualmente, são pessoas com mais de 45 anos, que foram educadas com bastante rigidez e disciplina.

Geração X

Nasceram entre os anos de 1960 e 1980, quando a internet surgiu e se desenvolveu. Portanto, possuem uma afinidade média com recursos tecnológicos. No Brasil, essa geração foi marcada pelos acontecimentos como o fim da ditadura e as “Diretas Já”, movimento que almejava eleições diretas.

Millennials

Indivíduos nascidos entre 1980 e 2000 pertencem aos Millennials, também chamada de geração Y. O nome se deve ao fato de que a virada do milênio foi um evento importante na infância.

Os millennials têm bastante afinidade com a internet e as tecnologias de ponta, como os smartphones. São curiosos e conhecidos por constituírem uma geração crítica, questionando e desafiando ideias em busca da individualidade.

As principais características comportamentais de cada geração

Em razão das diferenças de criação e educação, gerações adotam comportamentos distintos frente à liderança, às formas de lazer e à postura profissional. Abaixo, trazemos alguns exemplos:

Postura profissional

  • Baby boomers: o trabalho é sua prioridade, demonstram compromisso, lealdade e seriedade com a empresa, sempre buscando a ascensão de cargo;

  • Geração X: apesar da insegurança em perder o emprego, valorizam a estabilidade financeira, são empreendedores e independentes;

  • Millennials: buscam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, sempre tentam inovar e acreditam que o trabalho deve ser fonte de satisfação.

Formas de lazer

  • Baby boomers: almejam descanso, normalmente assistem à TV;

  • Geração X: se mantêm atualizados com notícias pela internet ou assistindo à TV, também leem e socializam com colegas;

  • Millennials: sempre estão antenados nas redes sociais e gostam de experiências novas: praticam esporte, jogam videogames, tocam instrumentos etc.

Relação com liderança

  • Baby boomers: liderar é sinônimo de comandar e controlar;

  • Geração X: respeitam hierarquias e valorizam competências quando assumem a liderança;

  • Millennials: questionam controle, burocracias e comandos.

Formas de proporcionar o equilíbrio nas relações

As diferenças listadas abalam o bem-estar na rotina de um condomínio, mas é plenamente possível alcançar um equilíbrio nas relações e propiciar um ambiente saudável para todas as gerações. Relacionamos como isso é possível a seguir:

Estabelecer um controle de ruídos

Uma das maiores adversidades no condomínio consiste no barulho, que pode ser causado pelo andar de salto alto, por crianças brincando no corredor, música e conversas em alto volume durante a noite etc.

A solução para esse entrave é estabelecer a Lei do Silêncio. Apesar de não estar expressamente prevista no Código Civil, é possível que seja votada em assembleia (reunião dos moradores) e imposta.

Lembre-se de sempre pensar com bom senso e buscar o equilíbrio. Não se pode proibir qualquer tipo de barulho à tarde em razão da reclamação de um condômino, como também não se pode permitir festas com som alto na madrugada, seja qual for o dia da semana.

Incentivar o diálogo

A primeira tentativa de solução para todo e qualquer conflito deve ser o diálogo entre as partes. Não imponha sua vontade ou já diga intempestivamente o que acha ser certo: lembre-se de que a divergência de ideias também varia de acordo com a geração.

Seja imparcial e haja como um mediador entre os moradores, ou seja, tente fazê-los entrar em um acordo. Isso também aumentará a confiança mútua e estimulará a solução de conflitos de forma pacífica e por conta própria.

Evidenciar a legislação

Caso você não consiga resolver os debates com diálogo e mediação, vale recorrer às imposições legais. Não importa qual seja a geração, todos devem obedecer a lei, que é um forte instrumento para resolução de conflitos.

No caso do barulho excessivo, por exemplo, você pode verificar quantos decibéis são considerados como incômodo para o sossego da população; no município de Belo Horizonte, por exemplo, são 70 decibéis. Depois, é preciso efetuar essa medição com um equipamento próprio e fazer a comparação.

Outro exemplo é a questão do fumo. Desde 2014, é proibido fumar em áreas comuns de prédios. Não se esqueça de que você deve zelar, primeiramente, pela vontade dos moradores, mas recorra à lei quando não encontrar outra solução mais adequada.

O papel do síndico e dos condôminos no conflito de geração no condomínio

É dever do síndico buscar meios de garantir o bem-estar coletivo no condomínio. Para alcançar esse objetivo, é preciso que ele se mantenha atualizado quanto às novidades e tecnologias, mesmo quando possui idade avançada.

Isso também se aplica aos síndicos mais jovens: é importante saber que seus limites e forma de pensar estão interligados à geração à que você pertence. Sendo assim, você não deve sempre achar que suas ideologias são melhores que a de um morador de outra idade.

Conforme o artigo 1.339 do Código Civil de 2002, é dever de todos os condôminos zelar pelas relações saudáveis, não prejudicando o sossego, salubridade e segurança dos vizinhos. Conscientize-os desse fato e estimule o trabalho conjunto para o bem-estar no ambiente.

O conflito de geração no condomínio é comum e de difícil solução. No entanto, agora que você já conhece as características comportamentais das três principais gerações e as melhores formas para solucionar eventuais conflitos, esperamos que se torne mais fácil mediá-lo.

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